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Conheça Quincão, o assustador fazendeiro da Macedônia - A lenda Quincão

Dizem que ali pelos lados dos rios Capituva e Paca, há uma mata com um cemitério antigo e que ninguém ousa passar por lá durante à noite... é muito perigoso! É um lugar mal-assombrado. Sabe por quê?

Todo cercado por lascas de aroeira, com um cruzeiro cravado ao centro e um portão de madeira tipo porteira, as narrativas são que o cemitério do Quincão tem cerca de 80 anos de existência e foi cedido por um fazendeiro da época apelidado de Quincão, daí o nome do mesmo.

Segundo populares após a morte de uma das filhas do Senhor Quincão, o mesmo resolveu separar um pedaço de sua propriedade para enterrar sua filha. Daí então, se iniciou o sepulcro de pessoas na propriedade, há relatos que no local foram enterrados mais de 80 corpos. Os mortos eram enterrados sem identificação nenhuma, apenas eram colocados um punhado de terra e uma cruz enfincada em cima do local.

Sobre o Quincão, dizem que era um muito bravo e vivia em suas terras num casarão de pau-a-pique coberto de sapé, no meio sertão.

Fato era que o trecho das terras do Quincão era o melhor da redondeza, havia árvores raras e nobres: cedro-rosa, peroba-rajada, angico-vermelho, jequitibá, jatobá-amarelo eram altas e copadas árvores contracenando com o jaracatiá e bacuri... Terra boa, humosa e fresca. Tinha ainda as candiúvas que enfeitavam o picadão.

Assim, ele, o Quincão, ficava contemplando e muito entusiasmado a mata... Separava a aroeira, a pataca, e a peroba-poca para as cercas que tivesse que fazer na sua fazenda... Daí a razão do ciúme. 

Ele namorava aquele pedaço de chão vigiando-o como um Pit bull.  Ai de quem lhe tocasse num arbusto sequer! Ele só não podia com o fogo que de vez em quando lavrara para aqueles cantos. Assim, quando se aproximava o período da seca, principalmente no mês de agosto, todos viam Quincão sobressaltado fazendo aceiros para proteger a sua preciosidade, pois aquelas centenas de alqueires de terra haveriam de ficar para os filhos e netos.

Quando chiava um carro de boi, Quincão já saia ao encalço a pesquisar se não estavam levando alguma madeira de sua intocável reserva. Da boca do mato, ficava olhando até os passantes sumirem na curva da estrada com medo de levarem ou esconderem alguma tora à beira do caminho.

Seu amor por aquele lugar era possessivo e até passional, se precisasse até matava para ninguém tirar dele. Quando ficou doente, em seu leito de morte, agonizando por dois ou três dias, variava e dizia:

-Acode meus fios, tem gente na mata derrubando parmito!...

E lá saíam os filhos, com a chumbeira a tiracolo, só para contentar o velho, como se fossem matar os invasores. E assim foi até que Quincão deu seu último suspiro.

Mudou um pouco a paisagem, depois das plantações de café pelos italianos, mas a mata do Quincão continua lá e quem tenta derrubar uma árvore ou mesmo passar por ali sofre “acidente” ... Ou um tronco cai em cima da pessoa, ou são atacados pelas arapuás.

Tiradores de mel e de guariroba são escorraçados por gritos e gemidos roucos pavorosos que ecoam dentro da mata!  Isso acontece principalmente à noite fazendo refugar tanto cavalo, como gente das mais corajosas.

A verdade é: quem passar pela mata do Quincão certamente verá a alma do seu eterno proprietário assombrando o lugar para todo o sempre...

Bora conhecer a mata e o cemitério antigo que fica bem ali no Córrego da Paca?

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